Wednesday, March 29, 2006

O valor da virgindade...

Li a notícia com uma estupefacção no rosto e na mente... falava das atenuantes concedidas pelo Supremo tribunal italiano a um homem de 40 anos, acusado de violar a filha - de 14 anos - da sua companheira.

Ele terá, sob a ameaça de violência, forçado a menor a fazer-lhe sexo oral. E tinha sido condenado, em 2001, a uma pena de três anos e quatro meses.
No recurso, o Supremo considerou que:

«os danos causados pela violência sexual são menos graves se a vítima já teve relações sexuais com outros homens antes do seu encontro com o violador»

Esqueceram-se os senhores juízes, com certeza por ingenuidade, e não por má fé, que uma coisa é ter relações sexuais com outros homens (ou mulheres) antes de uma violação. Outra, muito diferente, é ser obrigada a manter qualquer tipo de relação sexual forçada... - seja a pessoa forçada freira ou prostituta - por alguém (que tinha 40 anos) que ela (ela que, tinha 14 anos à data dos acontecimentos) conhecia, que vivia na mesma casa, e que só por acaso, era o companheiro da mãe. Triste (ou revoltante) que ainda hoje, as vítimas (sejam elas mulheres ou homens) sejam penalizadas e julgadas em casos de violação. Como se o que estivesse em causa fosse a castidade e pureza das vítimas e não o acto d@ agressor.

Tuesday, March 28, 2006

Feliz Aniversário!

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer.
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
António Gedeão

Sunday, March 26, 2006

Ronronar de tarde de Domingo

Esfrego os meus bigodes (virtuais, virtuais) depois de uma tarde em beleza e de beleza. De quando em vez, os canais da nossa televisão lembram-se da existência de filmes qualidade e decidem prendar os seus contribuintes com raridades. Hoje, a tarde foi uma dessas raridades (dupla surpresa, por ser fim de semana e não estarmos pela noite dentro). Transmitiram o Herói e eu mandei o trabalho que tinha (tenho e terei) para acabar às urtigas. Tudo de uma beleza asfixiante. Assombrosa, mesmo.

Não me canso disto...

Não me canso disto...

Não me canso disto!!!!!!!!

The Constant Gardener

«Some very nasty things can be found under rocks, especially in foreign gardens»

AMOR de rua

ser ou ñ ser, fazer ou ñ fazer, ser apaixonado e ñ ser apaixonante, pq se fosse ñ dormia sóziño, nem pintava lixo de finiño... tá feito! e eu tb...

*1st thing in the morning: an earlier HEARTcore job!then i went home and took my breakfast in peace... batega!!! batega!!! Spring has broken as the first spring but my ART is falling to pieces, and my HEARTcore became pure trash... I NEED HEARTcare!!!!....

um artista de rua:*UIU-6P* (www.blindado.net)******

Saturday, March 25, 2006

E mais uma vez... os parabéns à Dove..

Por, mais uma vez, os mupies dos anúncios da Dove ostentarem mulheres SAUDÁVEIS e não as anorécticas subnutridas de sempre (a maior parte retocada em photoshop).

E por vezes...

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos
E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
Escultura de Lucrécia, por Damià Campeny

Do tempo ao coração

"Pior que o esquecimento era a suspeita
De que o inverno em mim amarelecera
Toda a razão da Primavera...
Chega-se a este ponto em que se fica à espera
Em que apetece um ombro
O pano de um teatro
Um passeio de noite a sós de bicicleta
O riso que ninguém teve no teatro
Folheia-se no bar o horário da morte
Encomenda-se um gin enquanto ela não chega
Loucura foi não ter incendiado o bosque
Já não sei em que mês se deu aquela cena
Chega-se a este ponto
Arrepiar caminho
Soletrar no passado a imagem do futuro
Abrir uma janela
Acender o cachimbo
Para deixar no mundo uma herança de fumo
Rola um trovão
Chega-se a este ponto
Em que apetece um ombro e nos pedem um sabre
Em que a rota do Sol é a roda do Sono
Chega-se a este ponto em que a gente não sabe"
In Do Tempo ao Coração David Mourão Ferreira

Thursday, March 23, 2006

De regresso...

Só me resta agradecer e dizer... um ... hasta luego :) :)

Friday, March 17, 2006

Call Centers.. ou os autómatos que não sabem dizer NÃO

"Tentei telefonar ao Chefe. Ao fim de quarenta minutos senti para com as vozes sintéticas uma reacção igual à que os humanos sentem para com as pessoas do meu género. Quem é que inventou esta ideia de programar «delicadeza» nos computadores? Ouvir uma voz mecânica a dizer «obrigada por ter esperado» pode ter um efeito calmante a primeira vez, mas ouvida três vezes seguidas faz-nos lembrar que é qualquer coisa de falso e depois de passar quarenta minutos sem ouvir uma única voz humana até um guru sente faltar-lhe a paciência.

Nunca consegui que aquele terminal confessasse que NÃO era possível telefonar para o Império. Aquele malfadado desastre digital não estava programado para dizer NÃO; só para ser amável. Teria sido um alívio se, após um dado número de tentativas vãs, ele estivesse programado para dizer: «ó menina, põe-te a mexer, já experimentaste tudo».

Em Friday, escrito em 1982, o autor fala de autómatos, de computadores que atendem o telefone e que não sabem dizer não, que só sabem responder com chaves feitas que foram escritas na sua programação... mas no século XXI podemos bem falar de humanos que são, diariamente, programados para ser amáveis e dizer frases de um script sem imaginação aos telefones dos call centers, quando por vezes, a única coisa que se quer é uma resposta objectiva, e se não é possível aceder ao pedido, então é mesmo preferível ouvir o objectivo não do que os subterfúgios da "indisponibilidade"...

Wednesday, March 15, 2006

Força...

"Mas eu tinha-o derrotado numa questão de força, um campo no qual o macho sempre espera ganhar, o que é razoável. Atingira-o no seu orgulho masculino.
A menos que se tencione liquidá-lo logo a seguir, nunca se deve dar um pontapé nos testículos de um homem. Nem mesmo de uma forma simbólica. Ou talvez, sobretudo de uma forma simbólica". In Friday, Robert A. Heinlein

Tuesday, March 14, 2006

Pertenças II

"Para quê então? Não por causa do sexo. Tal como dissera ao capitão sexo encontra-se em qualquer sítio; é ridículo pagar para isso. Acho que é pelo privilégio de poder meter as mãos na água da louça. Pelo privilégio de me rebolar pelo chão e de ser urinada por bebés e cachorros teoricamente treinados.
Pela ideia reconfortante de que, onde quer que eu estivesse, saber que havia um lugar neste planeta onde eu tinha o direito de fazer essas coisas, porque era ali que eu pertencia."
In Friday, Robert A. Heinlein
Ilustração de Tim White

Humano.. demasiado humano...

"O chefe quase se mostrou surpreendido.
- Onde é que ouviu esse disparate?
- Por aí. Conversas tolas.
- Humano. Demasiado humano. As intrigas são um vício. Vamos lá esclarecer a situação. Conheci-o na prisão, onde ele fez algo por mim; coisa suficientemente importante para eu lhe dar um lugar na nossa organização. Puro engano. Indesculpável engano: um condenando nunca deixa de ser um condenado; não consegue. Mas eu sofri de um desejo de acreditar, um defeito de carácter que eu esperava ultrapassado. Mas estava enganado."
In Friday, Robert A. Heinlein

Pertenças...

"Fiquei sozinha alguns minutos; passei-os num estado de beautitude. «a mais alta estima». Quando nunca se pertenceu e não se pode pertencer verdadeiramente, palavras como estas significam tudo. Aqueceram-me tanto que nem me dei ao trabalho de recordar a mim própria que não era um ser humano".
In Friday, Robert A. Heinlein.

Sunday, March 12, 2006

Unwritten

"No one else
Can speak the words on your lips Drench yourself in words unspoken Live your life with arms wide open Today is where your book begins The rest is still unwritten"

Saturday, March 04, 2006

O rapto de Perséfone, o mito da primavera

As deusas Démeter y Perséfone representavam para os povos da antiguidade os poderes da natureza, a sua transformação e o surgimento cíclico. Na Grécia Antiga, o primeiro dia da primavera era o dia em que Perséfone, prisioneira nas profundezas da terra durante seis meses, ressurgia ao regaço de Deméter, sua mãe. Conta Homero que no sudeste da Europa havia um tempo em que reinava a eterna primavera. A erva era sempre verde e espessa e as flores nunca murchavam. Não existia o Inverno, nem terra infértil, nem fome. A responsável de tanta maravilha era Démeter, a quarta esposa de Zeus. Deste matrimónio nasceu Core, chamada Perséfone. Uma jovem bela, adorada pela sua mãe, que costumava ir brincar a um campo repleto de flores. Um dia, pasou por aí o terrível Hades com o seu temível carro puxado por cavalos. Apaixonou-se por Perséfone e raptou-a levando-a para o subsolo, o seu território. Deméter, ao não encontrar a sua filha empreendeu uma peregrinação de nove dias e nove noites, à sua procura. Ao décimo dia o Sol, que vê tudo, atreveu-se a confessar-lhe quem a tinha levado. Irritada pela ofensa, Démeter decidiu abandonar as suas funções e o Olimpo. Viveu e viajou pela terra. Esta ficou desolada e sem frutos uma vez que, privada da sua mão fértil, se seca e as plantas não crescem. Zeus ao ver este desastre viu-se obrigado a intervir mas não pôde devolver-lhe a filha. Uma vez que Perséfone já tinha provado o fruto dos infernos (a romã) e por isso era-lhe impossível abandonar as profundezas e regressar ao mundo dos vivos. No entanto, foi possível um acordo: uma parte do ano Perséfone passaria com o seu esposo e, a outra parte, com a sua mãe. Quando Perséfone regressa para estar um tempo com a sua mãe, Démeter mostra a sua alegria fazendo crescer as flores e os frutos, deixando a terra verde. Quando a jovem desce ao subsolo, o descontentamento da sua mãe demonstra-se pela tristeza do Outono e do Inverno. Assim se renova anualmente o ciclo das estações e assim explicavam os gregos a sucessão entre elas: o Outono e o Inverno são tristes e escuros como o coração da Deméter ao estar separada da sua filha. A alegria e a serenidade retornam quando voltam a estar juntas, quando começa a Primavera.

Thursday, March 02, 2006

Golfinhos e Baleias

Li na Aba de Heisenberg que um golfinho morto deu à costa, na Figueira da Foz. O Nuno pôs um link para esta animação que explica de que forma os golfinhos e as baleias morrem nas redes de pescadores. Podem ver aqui: http://www.wdcs.org/dan/publishing.nsf/allweb/93CF525AA7793C7580256FA1003AD109