Saturday, March 04, 2006

O rapto de Perséfone, o mito da primavera

As deusas Démeter y Perséfone representavam para os povos da antiguidade os poderes da natureza, a sua transformação e o surgimento cíclico. Na Grécia Antiga, o primeiro dia da primavera era o dia em que Perséfone, prisioneira nas profundezas da terra durante seis meses, ressurgia ao regaço de Deméter, sua mãe. Conta Homero que no sudeste da Europa havia um tempo em que reinava a eterna primavera. A erva era sempre verde e espessa e as flores nunca murchavam. Não existia o Inverno, nem terra infértil, nem fome. A responsável de tanta maravilha era Démeter, a quarta esposa de Zeus. Deste matrimónio nasceu Core, chamada Perséfone. Uma jovem bela, adorada pela sua mãe, que costumava ir brincar a um campo repleto de flores. Um dia, pasou por aí o terrível Hades com o seu temível carro puxado por cavalos. Apaixonou-se por Perséfone e raptou-a levando-a para o subsolo, o seu território. Deméter, ao não encontrar a sua filha empreendeu uma peregrinação de nove dias e nove noites, à sua procura. Ao décimo dia o Sol, que vê tudo, atreveu-se a confessar-lhe quem a tinha levado. Irritada pela ofensa, Démeter decidiu abandonar as suas funções e o Olimpo. Viveu e viajou pela terra. Esta ficou desolada e sem frutos uma vez que, privada da sua mão fértil, se seca e as plantas não crescem. Zeus ao ver este desastre viu-se obrigado a intervir mas não pôde devolver-lhe a filha. Uma vez que Perséfone já tinha provado o fruto dos infernos (a romã) e por isso era-lhe impossível abandonar as profundezas e regressar ao mundo dos vivos. No entanto, foi possível um acordo: uma parte do ano Perséfone passaria com o seu esposo e, a outra parte, com a sua mãe. Quando Perséfone regressa para estar um tempo com a sua mãe, Démeter mostra a sua alegria fazendo crescer as flores e os frutos, deixando a terra verde. Quando a jovem desce ao subsolo, o descontentamento da sua mãe demonstra-se pela tristeza do Outono e do Inverno. Assim se renova anualmente o ciclo das estações e assim explicavam os gregos a sucessão entre elas: o Outono e o Inverno são tristes e escuros como o coração da Deméter ao estar separada da sua filha. A alegria e a serenidade retornam quando voltam a estar juntas, quando começa a Primavera.