Um dia até Penélope se cansa de coser meias
Paciência, esperança, espera, dúvida, certeza, todas Penélope, feminino. E entretanto a Circe desvairada, entretanto uma sereiazinha para desenjoar, e a pobre Penélope à espera e a tecer um tapete ainda por cima, a desmanchá-lo ainda por cima, e a rejeitar pretendentes ainda por cima. A minha estima à pobre Penélope. E o sacana do Ulisses? Terá voltado pela Penélope ou pelo Telémaco? Ou simplesmente porque não tinha para onde voltar? Não se sabe bem. Mas de certeza que a palerma tinha uma canjinha quente à espera, se calhar toda aperaltada para o receber vinte e tantos anos depois.
Mas e depois? E depois da espera, e depois de ele chegar de verdade a Ìtaca, e depois de uns dias a ouvi-lo ressonar e contar cento e vinte vezes a Odisseia, e dizer que a Circe era boa como o milho? E depois? Depois se calhar a Penélope cansou-se de lhe coser os peúgos e foi fazer sereiices a um outro marinheiro desviado, só para variar...
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