Saturday, September 15, 2007

Eu não tenho (senão) uma só voz

Conheci-a na voz de F.B. Tarde de sexta, nas aulas do nosso contentamento. Leu-nos um excerto de A Paixão Segundo G.H. que captou imediatamente o meu interesse. Encontrei-a um ano ou dois depois. Não li muito, ou exaustivamente; tive que impor algumas pausas, porque a sua voz delineada nas linhas das letras não pode ser ouvida rapidamente. Ou ser rapidamente esquecida. Li-a na lentidão dos dias, releio-a periodicamente, deixando-a desfolhar-me despudoradamente os sentidos. Encontrei-a hoje, nas páginas da Denise, do Síndrome de Estocolmo. Do fenómeno da escrita, a voz. O sotaque estranho, o semblante sempre carregado, mas ainda assim, estranhamente acolhedor nas palavras que desfia ao longo da entrevista. A ouvir com atenção.

1 comment:

bartleby said...

Não consegui ouvir a Clarice (não sei o que tenho de fazer para ver os videos...) mas este texto do post está muito bonito. Uma brilhante homenagem a uma fabulosa escritora.