"Foste a culpada de tudo, bem sabes que foste a culpada de tudo, eu sou homem;
sou homem e tu és provocante, perversa. És perversa. Uma mulher sem vergonha, sem pudor. Não te quero ver mais, enojas-me, repugnas-me, envergonhas-me. Tu percebias, sei que percebias, que sabias como me punhas. Eu sou homem minha puta."
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa
Novas Cartas Portuguesas
3 comments:
Li, numa notícia respeitante a uma condenação por violação, que os familares do arguido (22 anos) insultaram a vítima (50 anos), à saída do tribunal: "sua puta, abriste as pernas porque quiseste!" (note-se que as acusações foram provadas e o indivíduo foi condenado. Não havia quaisquer ligações entre a vítima e o arguido. Arrisco dizer que ela estava no sítio errado, à hora errada).
Num acórdão do STJ (não tenho agora a referência, mas posso procurá-la) em que o arguido era acusado de roubo e de violação, a condenação por este último crime era de enquadramento penal inferior ao primeiro....
Costuma perguntar-se: "qual é o bem jurídico que a lei xpto protege?" - neste caso (como em muitos outros) parece que o crime contra a propriedade é muito mais importante do que o bem jurídico da autodeterminação sexual das pessoas. Enfim... leis de humanos para os humanos.
Quanto ao link em questão... acho extraordinário como é que, (just for a change) as pessoas insistem (nos comentários) em julgar e questionar a atitude da vítima. Em vez de ser o que lhe fizeram que é questionável, muitos questionam o que ela fez (ou não...). Estes casos têm sempre NÃOs: a mulher não devia ter ido por ali, não devia estar na rua aquela hora, não devia usar aquela roupa, não devia ter olhado, não... não.. não....será que não deveria ser: o(s) indivíduo(s) NÃO deveriam ter feito o que fizeram?
Curioso, tenho estado a ler as "Cartas"...
Se não fosse o 25 de Abril ter acontecido elas teriam ficado na cadeia, mas agora isto? Já passaram quase três décadas e ainda temos de presenciar disto? O pior de tudo é que quem fabrica este tipo de espécime é a mulher, por isso, lamento ter de dizê-lo mas penso que este tipo de mulherzinha deveria desaparecer rapidamente do planeta, pois sem progenitora não haveria rebento.
Tenho dito!
Temo não ter percebido, Luna. aque tipo de mulherzinha te referes?
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