Saturday, May 27, 2006

ROMANCE DE UM DIA NA ESTRADA

(Letra e Música de Sérgio Godinho)
Andava há já vinte dias Ao frio, ao vento e à fome Às escondidas da sorte Um dia fraco, outro forte Que o dia em que se não come É um dia a menos para a morte Um dia fraco outro forte Quando um barulho de cama A voltar-se de impaciente Me fez parar de repente Era noite e o casarão Não tinha lados nem frente Dentro havia luz e pão Me fez parar de repente Ó da casa, abram-me a porta Fiz as luzes se apagarem
Cheguei-me mais à janela Vi acender-se uma vela Passos de mulher a andarem E uma mulher muito bela Chegou-se mais à janela Não tenhas medo, não trago Nem ódio nem espingardas Trago paz numa viola Quase que não fui à escola Mas aprendi nas estradas O amor que te consola Trago a paz numa viola Meu marido foi Tomar conta das herdades Ela disse “Companheiro” Eu disse “Vem”, ela “Tu primeiro” “Tu que me falas de estradas.” “E eu só conheço um carreiro” Ela disse “Companheiro” A contas com a nossa noite Afundados num colchão Entre arcas e um reposteiro Descobrimos um vulcão Era o mês de Fevereiro E o Inverno se fez Verão Descobrimos um vulcão E eu que falava de estradas E só conhecia atalhos E ela a mostrar-me caminhos Entre chaminés e orvalhos Pela manhã, sem agasalhos Voltei a rumos sózinhos E ela a mostrar-me caminhos Andarei mais vinte dias Ao frio, ao vento e à fome Às escondidas da sorte Um dia fraco, outro forte Que o dia em que se não come É um dia a menos para a morte Um dia fraco outro forte Um dia fraco outro forte

2 comments:

Dirim said...

Ora que belo regresso!!! :) :)

samari said...

:-) vais ver-me mais vezes :-)