Sunday, January 22, 2006

"Os diamantes são os melhores amigos da mulher."

Já não se fala da guerra na Serra Leoa. No entanto os meninos soldados continuam a lutar noutros conflitos da zona. As causas dessa guerra continuam aí, pelo que a paz é precária. E por essas causas os meninos soldados, de infâncias roubadas pelos interesses ocidentais e líderes africanos, continuam a ser recrutados e instruídos pela violêcia. Meninos e meninas servem como moeda de troca por diamantes, escravizados e convertidos à prostituição. Ainda que sejam os nativos africanos que morrem nesses conflitos, as armas e o dinheiro chegam da economia ocidental; e as riquezas seguem rumo às multinacionais estrangeiras. Ainda que, tão pouco se possa falar da ingenuidade dos líderes africanos, pois são eles que pactuam com as multinacionais. As armas são pensadas e fabricadas com as características ideais para o uso e manuseamento de uma criança, como se de um brinquedo se tratasse. Propor um plano de ajuda para um continente como África não será fácil. No entanto, a solução não estará de trás das secretárias das capitais ocidentais, a quilómetros de distância da realidade e cultura africana. É possível que da Europa possa sair a solução humanitária e a ajuda ao desenvolvimento económico de África, mas não enquanto for sinónimo de diamantes, petróleo e futebolistas. PS o título é do conhecimento público de Marylin Monroe; o texto está baseado numa entrevista que li - como tantas outras entrevistas e reportagens sobre África. Desta vez decidi fazê-lo pela indignação que sinto e por respeito às pessoas como o C. Caballero que vive hà 14 anos na Serra Leoa e se dedica a esses meninos soldados, tentando ensinar-lhes outros verbos que não os da violência.

2 comments:

Woman Once a Bird said...

E o Homem o pior inimigo do Homem...

Dirim said...

Há muito que ouço que África é um continente perdido. Recordo um dossier - publicado numa revista africana - sobre o tema: porque não consegue África desenvolver-se? África não é um continente homogéneo. E perdida estará, eventualmente, toda a humanidade. A paz exige um esforço de aprendizagem muito maior quando se convive toda a existência com a necessidade de sobreviver. E quando essa sobrevivência encarna uma única sabedoria: estar vivo não é tudo.