Tuesday, December 20, 2005
POEMA DE NATAL
Para isso fomos feitos: Para lembrar e ser lembrados, Para chorar e fazer chorar, Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses, Mãos para colher o que foi dado, Dedos para cavar a terra. Assim será a nossa vida; Uma tarde sempre a esquecer, Uma estrêla a se apagar na treva, Um caminho entre dois túmulos - Por isso precisamos velar, Falar baixo, pisar leve, ver A noite dormir em silêncio. Não há muito que dizer: Uma canção sôbre um berço, Um verso, talvez, de amor, Uma prece por quem se vai -Mas que essa hora não esqueça E que por ela os nossos corações Se deixem, graves e simples. Pois para isso fomos feitos: Para a esperança no milagre, Para a participação da poesia, Para ver a face da morte - De repente, nunca mais esperaremos... Hoje a noite é jovem; da morte apenas Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
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4 comments:
Nomes que são intemporais. Excelente poema!
sim, é dos meus preferidos. a tristeza existe mas também tem de existir a esperança.
Samari... continuas com uma excelente selecção.. este poema é lindo :) Obrigada.
Dirim, quando o postei tb pensei em ti. feliz natal!
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