Monday, November 21, 2005

E se tivesse sido em Portugal?

"Teriam os americanos largado a bomba atómica em cima da Alemanha ou mesmo de Itália...? Neste sentido eu acho que foi um acto racista", disse Rui Faustino, hoje, numa conferência sobre a II Guerra Mundial e a Guerra Fria. Continuou a explicar que enquanto os cidadãos de ascendência italiana eram mais ou menos acarinhados pelos estado-unidenses (citando os exemplos do jogador Joe DiMagio e de Frank Sinatra), isso nunca sucedeu com os cidadãos nipónicos que se encontravam em território dos EUA. Pelo contrário, foram encerrados em campos especiais...
Depois, durante o debate, um senhor da plateia afirmou: "se a bomba atómica foi um acto racista? Pois posso dizer-lhe que para as pessoas da minha idade - que na altura tinha 13 anos - pensámos... ai estão a matar os japoneses? Pois que seja. Pois as coisas são assim mesmo. Em cada tempo é assim"...
Pergunto-me se ele emitiria a mesma opinião se largassem uma bomba em Portugal... ou penso como é que se pode ter e verbalizar um raciocínio deste tipo...
Recentemente, um amigo meu, confidenciou-me: "a última vez que estive em Lisboa, só serviu para confirmar que detesto os lisboetas" - e eu respondi-lhe: "és mais inteligente que isso" - porque como já afirmei antes, qualquer generalização que associe determinadas características a um grupo, pela sua nacionalidade, género, religião ou etnia não só é ignominiosa, como falsa e simplista. Até quando? Para quando uma análise mais racional e menos emotiva da realidade que nos rodeia? Para quando uma reflexão séria (independentemente das conclusões) - e sedimentada em factos e não em dogmas - sobre o passado? Foto de Steve McCurry

1 comment:

A. said...

Concordo. O problema é que as generalizações são sempre mais fáceis de se fazer.