Tuesday, November 22, 2005

De açaimes e espingardas

Na passagem por um outro blog, li um texto sobre a posse de animais em que o autor referia a sua indignação pelas pessoas que andam com cães portentosos nas ruas das nossas cidades, sem pensarem no mal estar causado aos trausentes. Concordo que um dono responsável deve tomar todos os cuidados, para bem dos restantes trausentes assim como para bem do seu animal. Não me parece que um rot seja mais violento que um caniche (e já conheci caniches bem complicados); uma possível agressão difere apenas em grau. Tenho para mim que os animais são o reflexo dos humanos que os educam.
Contudo, já não confiro qualquer legitimidade a essas pessoas que têm por passatempo andar aos tiros a animais. Parece-me muito mais ilegítimo um fulano qualquer ter um cão porque gosta de inflingir dor a outro animal para seu prazer (desporto estranho)do que alguém ter um animal porque tem prazer na sua companhia; vivi, por força de trabalho, numa zona onde a caça era muito praticada. No final de época era ver os animais abandonados, porque deixavam de ter utilidade ou a sua prestação não tinha agradado ao omnipotente do seu dono. E os canis construídos pelos caçadores amantíssimos... com 10 cães em cubículos que mal têm espaço para dois... e nem quero imaginar a alimentação. Contudo, nada disto é novidade, porque quem anda aos tiros a um animal porque acha giro (descomprime, e tal), não vai ter mais respeito por outro que esteja a seu cargo.
Esta história da caça só me faz lembrar outras acefalias, como a da tourada, em que se argumenta que o toureiro, para além de gostar do animal, o respeita. Pois é, eu sempre que tenho muito respeito por alguém, faço por acertar-lhe ou com tiros ou com bandeirolas. E no final, digo sempre olé!
Imagem de Paula Rêgo

18 comments:

Anonymous said...

Eu sou testemunha (como outros amigos da gata em questão) de que o último período deste texto é plenamente verdadeiro.

Woman Once a Bird said...

O ilustre filósofo quer insinuar que nunca lhe dei um tiro nem acertei com uma bandeirola porque não tenho nenhum respeito por Vª Exa?
Ou que digo muitas vezes olé?
E, se assim é, não estará confundido e afinal apenas digo olá?
Não quero entrar em considerações sobre as suas condições auditivas, já que da última vez que aludi às suas limitações visuais apodou-me de xenófoba.

Anonymous said...

Tempos houve, se bem se lembra, que nem Olé nem Olá - Nada!!! Do fundo da minha generosidade, eu apenas pretendi fornecer algum sentido ao hábito recorrente da agressão. Enganei-me. Esta senhora, pelos vistos, quando dispara não tem motivo e quando bandarilha não tem razão.

Woman Once a Bird said...

Qual generosidade?

Anonymous said...

bem, fora do chat que aqui se proporcionou eu queria dizer:

"tão inimigos eram que já se citam e se linkam..."

Woman Once a Bird said...

Meu querido Lois:
Em nada neste post me contrario. Se o que aqui disse surgiu-me ao ler o post do outro... pois o seu a seu dono!

Anonymous said...

Caríssima Kiara...
Terá interprtado que sou amante de caça. Por acaso, não sou. Sou indiferente.
Entretanto, acredito que haja caçadores que tratam bem os seus cães. Os que os tratam mal, entendo eu que são umas bestas.

Woman Once a Bird said...

Caríssimo RPS:
Nem foi minha intenção interpretá-lo; de outro modo, teria comentado o seu post. Simplesmente, ao lê-lo, apeteceu-me escrever sobre a caça, porque a abomino. Nada mais.

Anonymous said...

Quem me dera que um post meu suscitasse caça!

Anonymous said...

Já agora, o Lois tem direito a "querido", já eu é de besta para baixo!

Woman Once a Bird said...

Se ainda há dias te intitulei de excelso...

Anonymous said...

toma!!
é bem melhor chamarem alguém de "querido" do que de "celso", perdão, de "excelso"!

Anonymous said...

Caríssima Kiara:
Fico grato pela explicação.

Anonymous said...

Caríssima Kiara:
Fico grato pela explicação.

Anonymous said...

Bem, passo a comentar REALMENTE o post e não utilizá-lo para querelas pessoais: Mas porque raio achamos que só por sermos a espécie dita inteligente isso nos dá o direito de matar outras espécies apenas por desporto, não parar quando atropelamos um animal, porque simplesmente não é importante, ou outros actos aberrantes que simplesmente são considerados aceitáveis pelos nossos ilustres humanos. O que nos distingue assim tanto dos animais? Porquê que a nossa vida tem mais valor que a vida de um outro animal, que nos leva a considerar tragédia uma morte humana, mas apenas uma eventualidade se for a morte de um animal? Porquê que a ética e as leis apenas são para os Seres Humanos como se fossem construídas por um ser superior que por qualquer razão nos considerou privilegiados? Por sermos inteligentes nós é que devíamos ter a responsabilidades e a grandeza de os proteger; mas não: muitas vezes são eles que até dão a vida por nós (lembro aqui em especial os cães).
Se há coisa que mais me irrita é quando as pessoas ficam chocadas pela solidariedade ou amor que outro(a)s têm pelos animais e apresentam um argumento tão ridículo como: “tantas pessoas a morrer de fome e ela preocupa-se assim com um animal”. E essas pessoas? Por acaso mexem o real traseiro para fazer alguma coisa pelos famintos? Por acaso uma coisa invalida a outra? É que tenho a certeza que nem uma coisa, nem outra essas pessoas fazem. São simplesmente inúteis, não conseguem aceitar ou entender que alguém seja capaz de ser solidário(a) ou capaz de amar um animal e por isso vêm com esses argumentos clichés, “rosconhof”, porque não têm mais nada de jeito para dizer…

Anonymous said...

Mais "rosconhof" do que a frase "tantas pessoas a morrer de fome e ela preocupa-se assim com um animal" só a frase "quanto mais conheço os Homens, mais gosto dos cães".

Anonymous said...

Toda a razão rps, obrigada por me alertares para a estupidez dessa última afirmação: realmente não é "quanto mais conhecço os Homens, mais gosto dos cães", mas sim "quanto mais conhecço os homens, mais gosto dos cães". Obrigada mais uma vez

Anonymous said...

Bolas, Catsfairy! Quanta amargura face aos mais inseguros e manipuláveis seres que o Criador pôs na Terra!