Sunday, January 30, 2011

Estávamos em 1999. Ali, nos Armazéns dos tubarões pintados nos 90. Abel Pereira da Fonseca. O cheiro a vinho. O teu sorriso. O brilho dos teus olhos. O brilho dos meus olhos. Mão Morta a tocar na sala do lado. Deixo-te ir. Depois disso acho que só te vi mais duas vezes. Disseram-me que tinhas morrido. Não acreditei. Imaginava-te longe de mim, afastado de tudo o que te lembrava essa adolescência rebelde e imatura, de noites ao relento, de saco às costas. Longe também das memórias pelas ruas percorridas ansiosamente, até que um daqueles homens execráveis trocasse os pintores por uma merda qualquer que metias para a veia.
Perdeste a alcunha. Tod@s te tratam pelo primeiro nome. Tod@s não.... O Acid também sabe quem és. Mas também ele está longe (no outro extremo de ti). Apenas o teu sorriso está igual - quando sorris. 

E agora?

Do histerismo de te ter encontrado à desilusão foi um polegar. Quando é que passaste a usar a palavra deus em todas as tuas frases? O que é que aconteceu? Que distância percorremos desde o último abraço (tão apertado, tão familiar) até que te encontro, concentrado em deus, auras e ritininas nas vacinas! E a agradecer a anjos. Rezar? Desde quando começaste a rezar? E agora? Que faço? Como te encontro de novo? Para onde foste? Onde estás? Tanto te procurei. Que fazer às nossas memórias?

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