Tem 40 anos e uma voz aguda. Afirma ter vivido um casamento, de 15 anos, infeliz e abusivo "desde o início". Durante seis anos acreditou que "o que deus uniu o homem não separará" e apoiou-se nessa crença para (se auto) justificar a sua não-opção pelo divórcio.
É incapaz de pensar em si enquanto sujeito. A sua auto-definição passa sempre pelo referencial do outro: filha de, esposa de, mãe de. Sem o "de" não haveria qualquer sujeito: o Eu, Pessoa, Ser Humano, Mulher, não existe para ela. Foi impossível construir-se em quarenta anos. Se não for mulher de alguém, mãe de outrém, não é nada, não existe.
Nunca percebi a crença de que, a existir, deus estará interessado nas alcovas humanas, sempre me pareceu de um egocentrismo desprezível.
1 comment:
Tem razão. Sempre somos algo de alguem, quase nunca nós mesmos!
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