Friday, March 06, 2009

Amizades Rápidas

Já não bastava ter-me perdido naquele bairro, ter dado uma uma volta muito maior e demorado mais 20 minutos. Não, claro que não chegava. Tinha que apanhar uma mega operação STOP. "São cada vez mais comuns", explica-me cordialmente o agente que me chama "senhora condutora". Repete pacientemente todos documentos que quer que lhe apresente, inspeccionando-os detalhadamente à medida que, de forma fraccionada, lhos faço chegar à mão. Zeloso, contorna o carro para se assegurar que tenho os selos correctamente visíveis. Fiquei boquiaberta quando, após me perguntar: "Dona Izanami, tem pneu sobresselente, triângulo e colete?" o ouço dizer-me: "pode sair do carro para mos mostrar, por favor?". Tive vontade de lhe atirar: "ouça, estou cansada, quero ir para casa, e é a primeira vez que me fazem sair do carro numa operação STOP", mas não o disse. Sei que ele tem direito de o fazer, pelo que, abro a porta e saio. Até chegar à bagageira começo a pensar que ele me vai fazer pegar no raio do pneu para verificar se a porcaria da altura da borracha está dentro dos limites legais. Entretanto, olho para @s outr@s condutor@s parad@s e - sorte a deles - estão tod@s dentros das respectivas viaturas. Durante o período em que estive fora do carro não vejo ninguém sair dos mesmos, o que me faz pensar devo ser uma sortuda para me sair este funcionário hiper-mega-zeloso da sua função. Imagino que até mesmo os seus colegas devem pensar que o homem me confundiu com uma traficante famosa e por isso vai inspeccionar a mala do carro. Por fim, levanto a porta da bagageira e, por momentos, pergunto-me se ele irá achar suspeita a existência de uma palete de leite que jaz há mais de um mês na mala. Aponto para a embalagem do triângulo, já adivinhando que ele me peça para abri-la (o que não fez). A caixa podia estar totalmente vazia e ele nem confirma. Estranho, tendo em conta que demorou uma eternidade na confirmação de tudo o resto, mas agradeço mentalmente e aproveito para voltar ao meu lugar. Segue-me até à porta e estende-me a mão para me cumprimentar. Por uma fracção de segundos, tive uma paragem cerebral e não percebi o que significava aquele braço estendido na minha direcção. "Bom fim de semana, dona Izanami", conclui por fim quando fecho a porta. Mando-o à merda com um encolher de ombros e não consigo evitar um esgar cínico que me saiu em vez do sorriso que tinha planeado.

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