Tem a barba a despontar e usa várias argolas na orelha esquerda. Por trás do aparelho de dentes mal se percebem as palavras que vai articulando. No histórico, traz o insucesso do 11.º ano e gratificações parentais [apesar dos] pelos maus resultados; deixam-se levar pelas promessas - "vou levantar as notas" - jura baixinho, enquanto a mãe pragueja pela única positiva que o rebento conseguiu no 1.º período. Os seus amores resumem-se às Coisas [só topos de gama, está claro] que conseguiu com os falsos votos dirigidos a quem o ama. Não se baralha entre os gadjets e os djs que admira. Nos seus interesses não há espaço para os livros, ou para os livros digitalizados, muito menos para a escola. E esta retribui-lhe. Porém, desta vez, os pais atingiram o limite: "Onde é que já se viu... Já me tinham tirado o cartão de crédito, agora foi a mota!". E nesta cabeça, coberta por um cabelo que abana insistentemente, o único lugar onde cabe o esforço é no ressentimento pela incompreensão dos progenitores: "nem digo nada para não me chatear!!!".
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