Tuesday, December 02, 2008

Shakespeare and Company

De como se compra um livro por ter uma carta escrita dentro.
Era Sábado, tinhamos passado o dia com mortos. Havia quem cheirasse o musgo no Pére Lachaise e eu já farta de tanta morte, porque se as pessoas tivessem muita morte na vida não passeavam em cemitérios. No final do dia desembocámos na livraria mais louca do mundo. Dentro há pilhas de livros completamente desorganizados. Um gajo guedelhudo tocava ao piano qualquer coisa ligeiramente parecida com música e remexíamos os livros: eu e tu teríamos remexido os livros, eu remexi os livros. No andar de cima dois tipos magros de uma magreza de quem não dorme, não come e fuma. Dois americanos e um cheiro a alcool já velho e eles novos, magros, discutiam alguma coisa importante e nós entrávamos ali e eles impávidos, moravam ali. E os restos de yogurte, e os livros num caixote e a Mademoiselle na caixa a quem se fala em Francês e responde num inglês orgulhoso sem sotaque, estando-se perfeitamente nas tintas para a língua mater. Numa mesa um livro sobre poesia medieval tinha dentro uma carta. Negociei o preço teimando o francês, 6 euros responderam-me em british accent. Terias feito o mesmo. Curiosity killed the cat...miau!

1 comment:

. said...

Lembro-me do Père Lachaise... do dia em que lá fui, da antipática que me mandou às urtigas no metro quando lhe perguntei onde ficava o cemitério e do polícia bem humorado que brincou com a morte do outro. Adorei o teu post (e adoro os teus mails). Baci Mille.