Hoje tive um pensamento muito estranho. Tenho muita gente conhecida que teve que ir trabalhar para a Bélgica, para o Luxemburgo, para Espanha, para a Alemanha, para Angola. Todas estas pessoas fizeram-no por não terem emprego aqui, ou simplesmente porque não ganhavam o suficiente.
Estes exemplares de Vasco da Gama actuais passam a ser alvo das seguintes referências: ”Aquele tipo é muito bom!” ao que o interlocutor perguntará “ Porquê?”, ao que se seguirá o inestimável “Esteve lá fora”. Devemos ser o único país do mundo em que se usa a expressão “lá fora” para designar tudo o que não é no solo pátrio. Acharemos nós, baseados nas teorias evolucionistas, que estando mergulhados no caldo primordial da existência onde só coabitam amebas (a pátria), esses seres saíram dele rastejando e deram um salto de gigante na escala da evolução?
Eu agora tenho de ir lá fora um pouco, mas garanto-vos que continuarei a ser tão burra como sou, tão mal ou bem-parecida como sou, tão simpática ou antipática como sou. É que não há nenhuma varinha mágica que só funcione em roaming e nos transforme noutros mais válidos “lá fora”.....
3 comments:
Na verdade... o problema... é que não há varinhas mágicas... aqui, 'lá fora' ou seja outro local qualquer. Bom... talvez noutra galáxia... ou mesmo noutro planeta!!!!
Eu acho que há, não digo para todos
mas pelo que ouço dos investigadores, por exemplo. Todos falam nas excepcionais condições dos EUA (que, segundo muitos veteranos, não existem em nenhum outro país) para fazer investigação;
simplesmente, porque os EUA investem mais e, portanto, há mais disponibilidade, mais pessoas e maior nível de exigência.
Creio que a 'varinha mágica' também pode funcionar no caso, das pessoas que têm oportunidade de trabalhar em áreas que estão pouco desenvolvidas cá mas, acima de tudo, creio que uma experiência 'lá fora' torna-nos sempre diferentes face a certas coisas - às vezes para melhor, outras para pior... já que há experiências que são incomparáveis: alguém que sai para dirigir uma empresa de alta tecnologia (ainda que a mesma seja portuguesa, e esteja somente a abrir uma sucursal lá fora) terá necessariamente diferente de uma pessoa que sai para ir trabalhar na apanha de morangos, como emigrante clandestino. Isto para não falar, do país para onde se vai, com quem se vai, and so on...
Em todo o caso, nunca me deparei com essa história de alguém passar a ser mais ou menos inteligente só por ter estado a trabalhar 'lá fora'. E para que se saiba, a Sherazade é tudo menos burra.
Obrigada pela sua fé! Quanto aos investigadores terás toda a razão.Mas de quem falo são pessoas normais, a fazer coisas iguais às de aqui.
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