Tuesday, April 08, 2008

Os graúdos gostaram do Oceanário. Gostei do polvo e do mistério que o envolve. Gosto da sua inteligência. O Padre António Vieira acusa-o de traidor. Não sei. Ele camufla-se, mas por razões de força maior. Penso que seja sobrevivência e não traição. Ah, pois, na verdade, não estamos a falar de polvos, mas de pessoas. Já disse que gosto do polvo, não de o comer. Só raramente o como, quando a fome é demasiada e não há outra coisa. Excepção seja feita à salada de polvo do restaurante Edmundo. Hoje senti-me polvo. Com muitos bracinhos, esticadinhos, todos. Cada um a puxar para o seu lado. E se puxarem muito, muito, muito, será que rebentam? Quando um polvo perde um braço, fica maneta? Havia a estrela-do-mar. Já disse que gosto de estrelas-do-mar? Têm cinco braços ou múltiplos de cinco. Alguém disse cinquenta e dois. Apeteceu-me esbofeteá-lo, por ser quem era. Aquela estrela-do-mar tinha perdido dois braços. Pobrezita. O que vale é que consegue regenerar-se. Essa regeneração já não vem a tempo de salvar a senhora que me disse, na outra loja, que o saco era irreversível. Minha senhora, irreversíveis são os seus gritinhos histéricos. O saco, com motivos verdes, é reversível. De que cor são os meus motivos? São azuis. Sempre foram. Além do mais, eu não perguntei por que é que o menino estava vestido de fato de treino. Ah, pois, teve ginástica no colégio, mas eu não quero saber se teve ginástica ou não, nem porque é que não está com um fatinho bonito da Petit Patapon. Eu só queria que me tivessem deixado dizer que estava lindo, antes das vossas palavrinhas e explicaçõezinhas. Tão treinadinhos. Que era lindo, só isso. Ai, ai, ui, que me estão a puxar o bracinho do powerpoint que já devia estar feitinho. Não posso deixar que rebente.

2 comments:

. said...

Adorei este post!

Carla said...

sinto-me polvo tantas vezes...gostei muito