Tuesday, March 11, 2008


Naquele dia os olhos brilhavam-lhe mais do que o habitual. Sentiu aquele abraço sincero e percebeu que ele a vira quando a olhara. Tinha ido lá para vê-lo, somente para encontrar naqueles olhos azuis alguma esperança de conforto. Desde que se separaram a sua vida tinha piorado muito. Reviu-o anos mais tarde, em casa dele, quando lhe pediu uma entrevista. Soube que ele lhe fizera confidências: da guerra, dos amores, da vida. Sentiu que a sua confiança a deixara mais bem posicionada do que naquele dia em que fora ao encontro dele, com os olhos marejados pela conjuntivite emocional.

Os acessos de genialidade rareavam cada vez mais. Sentia-se presa ao quotidiano das trevas. A luz já não a cegava, mas também não lhe bastava. Tudo o que ambicionara não passara de papel amarelado. Estava refém de sonhos que nunca tivera.

Picture by Diane Arbus

No comments: