Thursday, May 17, 2007

"Um caloiro de Medicina de Coimbra foi ferido no escroto – bolsa que envolve os testículos – durante o julgamento da praxe da Universidade de Coimbra, quando vários doutores decidiram rapar-lhe os pêlos púbicos. O aluno do 1.º ano, de 19 anos, teve de receber assistência hospitalar e já apresentou queixa ao Conselho de Veteranos da universidade." Ele limitou-se a apresentar queixa ao Conselho de Veteranos - entidade encarregue de fiscalizar as práticas da querida instituição. Continuo sem perceber porque é que, nestes casos, @s alun@s recorrem aos seus pares na esperança que os mesmos actuem como se, de facto, fossem autoridades. É que, assim de repente, ocorrem-me vários crimes cometidos por aqueles estudantes. O facto de se passar num contexto universitário (ou melhor, de praxe universitária) desculpa os agressores? Ou atenua a sua culpa? O que é que será que é considerado grave para que um estudante agredido durante a praxe pegue nas suas perninhas e vá directamente apresentar queixa à polícia, essa sim, com autoridade e dever de fazer a investigação criminal e reunir provas para levar o assunto até às barras de um tribunal? É que a última vez que verifiquei o dux veteranorum não era equiparado a um juíz.

4 comments:

Miguel da Costa said...

sim, tens alguma razão.
acima de tudo o que se passa aqui é foram feitos alguns excessos, as pessoas devem ser punidas e medidas tomaam. Mas, acima de tudo, queixa ou não queixa á psp é uma questao pessoal, a pessoa so la vai se quiser, porque afinal de contas o que se passou foi um pouco humilhante e pode haver quem nao gostasse de ver isso escrito em papel numa esquadra...
duvido é que o conselho de veteranos faça alguma coisa...

Woman Once a Bird said...

Então não faz? O Conselho de Veteranos certamente explicará ao confuso "caloiro" que aquela experiência o aproximará fraternalmente ao ambiente universitário.

Anonymous said...

Se o rapaz é burro e fica-se por ali... nada podemos fazer.

Miguel: "alguns excessos"? Conheço países em que uma praxe dessas que acabasse mal poderia condenar os seus autores a 5 anos de prisão. E olha que são países não muito longe de Portugal. A vergonha NÃO deve estar do lado de que é vítima, mas sim do lado de quem pratica tamanhas imbecilidades.

Dirim said...

Os pareceres do Conselho de Veteranos (lembro aqui que o CV é constituído por tod@s @s estudantes cujo o número de matrículas seja superior ao número de anos necessários para completar a licenciatura) não são vinculativos. Actualmente, já não existe um foro próprio na UC e, por isso mesmo, já não existe a Polícia Académica. Se esta situação ocorresse em qualquer outro contexto, que não o de uma praxe, deduzo que ninguém teria dúvidas que estamos na presença de vários crimes. Em Portugal, os crimes cometidos no seio da sociedade civil são para ser resolvidos nos Tribunais de Comarca e a queixa deve ser apresentada directamente a uma autoridade policial. A minha questão - e embora compreenda perfeitamente o que o Miguel apontava relativamente à vergonha (funciona na mesma com as vítimas de agressão sexual, por exemplo) - é o motivo que leva a vítima vai apresentar queixa a um CV em vez de ir directamente à polícia. Estes aspirantes a médicos cometeram vários crimes, entre os quais o de ofensa à integridade física (não vou especular quanto aos de rapto, coacção, injúria e outros), por algum acaso têm direito a uma absolvição colectiva antecipada por serem estudantes de uma universidade portuguesa?