Saturday, February 17, 2007

As Super Mulheres



"Estou muito feliz no meu trabalho. Adoro o que faço, estou a progredir, sinto-me realizada profissionalmente." Ouvia-a dizer atrás de mim, no metro. Falava para uma amiga. Sentia-se imediatamente um mas....
"raramente vejo a Cláudia. De manhã levanto-a e levo-a ao infantário, antes de ir trabalhar. à noite, quando chego, já ela está a dormir. Quase nunca consigo estar com ela".

Sentia-se a culpa implícita nas palavras, a dor da ausência, a permanente questão... "será que sou uma boa mãe? Será que estou a fazer a opção certa?". A justificação (já) massificada "prefiro que o tempo que dedico à minha filha seja pouco, mas que seja de qualidade" não parecia aliviar-lhe a consciência. A dela é controlada por uma instituição muito mais velha que ela. Que lhe diz que aquelas palavras dificilmente sairiam da boca do pai da criança. Pois, durante anos, os homens deveriam sacrificar o tempo com a família, para investir na carreira. A carreira das mulheres era a maternidade. O seu trabalho servia unicamente como um suplemento ao rendimento familiar. O dele é que era o importante, pois ela tinha uma tarefa nobre a cumprir: raise their children.

Ainda não sabemos quais as consequências sociais da culpa que sentem as chamadas super-mulheres (não confundir, por favor, com a clássica wonderwoman). As que têm de trabalhar em casa e fora de casa, as que vivem divididas entre a crença de que a sua carreira e realização profisssional (também) são importantes e a ideia que se há alguém do casal a sacrificar a carreira em prol da família deverá ser ela, pois ele, no geral, ainda que menos escolarizado, ganhará mais. E afinal de contas, quem amamenta é ela.

A foto foi retirada do link que consta neste post.

1 comment:

Anonymous said...

já tinha lido este post há uns dias.
venho agora dizer o que já devia ter dito há esses mesmos dias:

uma criança daquele tamanho já não mama!