Tuesday, December 19, 2006

Básico - por falar em manias

Acho incompreensível (para além de irritante) a mania que certas pessoas têm de querer impingir aos outros o que consideram ser o melhor para el@s. Não gosto de bróculos, que querem? Faz bem? Tem ferro? Pois vos digo que há outras fontes desse mineral tão ou mais eficazes que as árvores em miniatura. Não, não bebo. Não quero, já disse. E as insistências, do beba lá que vai gostar, menina. Se ainda não provou como vai saber. Eu bebo há muitos anos e nunca me fez mal, pelo contrário. Ainda bem, só é pena que isso que bebe e que me quer à força fazer beber ainda não lhe tenha dado discernimento para perceber que o que é bom para si pode não ser para mim e que o resto do planeta não tem que gostar só porque sua excelência gosta. Se eu não o impeço de beber, por favor, não me obrigue a fazê-lo. E o contrário? Vai comer isso? Ah, menina, não pode ser assim, que depois engorda. Ai eu não as como e se tivesse uma filha não lhas metia à boca, não senhora. Gosto de acordar cedo. Obrigo alguém a fazê-lo? Incomodo alguém por fazê-lo? Não. Mas parece que a ele sim, que passa por mim na rua e diz: "acordou cedo hoje, menina", como se fosse da sua conta os meus horários e a minha relação com a cama. Naquele comentário que roça a quase simpatia e o não ter nada que dizer senão a frase invasora em busca de uma explicação para a quebra ritual e o hábito. Esta mania de esgueirar o olho para o lado em busca de informações desnecessárias, a mania da invasão da vida privada com o inquérito constante, do onde foi, porque foi, ai eu vou antes ali, ao que é mais barato - ganha bem a menina, para poder ir ali, não? Não trabalha à sexta? Sorte a sua, que deve ter um bom trabalho. Eu ouvi-a entrar no prédio, sim senhora, menina. Mas não se preocupe que o outro que mete lá em casa não vai saber da minha boca, que está mais cosida que um sapo daqueles das bruxas. A apropriação da vida d@s outr@s em tentativas de incorporarem corpos e quotidianos que lhes são estranhos. E hoje é daqueles dias em que não tenho paciência para eles. É um daqueles dias em que, de bom grado, fugia para outro prédio, para outro bairro, para outra cidade, para outro país, ou quiçá, para outra galáxia. Fui informar-me. Parece-me que @s condutor@s das naves para as outras galáxias estão em greve. Ficaram a dormir, pois então. E nem percebem como é que uma simples greve pode travar a modificação numa pessoa. Era hoje que estava disposta a mudar a minha vida. Ou pelo menos, de me ver livre de algumas manias alheias. Picture by Francesca Woodman

2 comments:

Tamodachi said...

Bem, a verdade é que há certas coisas que só mesmo provando é que se sabe! Eu sou apologista de experiências novas! Mas impigido, de facto, aborrece.
Quanto ao resto, acho muito bem que se metam na nossa vida!!! A este hábito, transformado agora em movimento, se chama Cidadãos Activos na Vida Alheia, ou CAVA!!! Grande movimento o do CAVA, que tão bem ilustra o bom Português!!!

Dirim said...

é... os CAVA tudo e CAVAM tanto tanto que qualquer dia enterram-se...