Saturday, September 16, 2006

Lotus Fortune Cookies

"Come here. I want to give you something". Aproximei-me do balcão onde ela embalava Fortune Cookies. Estendeu-me uma embalagem e perguntou: "do you know what is it?". No, I replied. Ela mostrou-se surpreendida. Explicou-me que os restaurantes chineses em Portugal são muito comedidos no que respeita a ofertas aos clientes: "this costs almost nothing. In scandinavian you can find them in all chinese restaurants. They offer them to their clients". Are you from China? I asked. "No. I was born in Taiwan" (fixei a peculiariedade, a subtileza de quem afirma a autonomia: Taiwan não é da China). Contou que tinha viajado para a Escandinávia - trocámos impressões. Falou dos restaurantes chineses em Portugal em comparação com os que conhecia: "my restaurants were quite known because I really cared about what was going to the table". Do you like Portugal?, I asked. "Yes, people are nice". You think so? Insisti, pensando na onda de "precaucionismo anti-china". Ela confirmou: "yes. Although the restaurants....". Gostei do sorriso dela. Da forma como se apresentou: "my name is the same as the japanese currency's name: Iene". Da riqueza das experiências que tinha. Do claro empreendorismo. Aparentava andar à volta dos 40. Ainda com o Fortune cookie na mão, agradeci-lhe. Ela perguntou: "are you sure you want to keep that one?", lembrando-me que fora ela que o escolhera. Eu disse que sim. Absolutamente. O que ela me oferecera, porque com isso me proporcionou uma experiência só conhecida das páginas dos livros. Porque receber, por vezes, pode ser mais difícil que dar.
Este episódio ocorreu aqui. Podia falar das sementes de sésamo pretas, do preço do tofu e do sushi. Podia falar da variedade de algas, cogumelos, molhos de soja, das folhas de lótus, do chá, do arroz, dos noodles e de um sem fim de cores e de aromas. Mas o melhor é sentir e ouvir. Porque o melhor é mesmo a parte humana.
Foto: Before I learned tp Fly, by Sally Gall

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