De novo, a morte. Porque está sempre ali mas desde o momento em que nascemos que insistimos em não recordar.
Ontem, apareceu-me à porta, com a voz transtornada, a dizer: "preciso de ajuda. preciso de ti.. de mim", balbuciou.
O irmão ficou-se num embate fatal no país vizinho. Agora, diz que quer mudar tudo. que vai mudar tudo, vai fazer tudo o que sempre quis fazer e que adiou sempre. A possibilidade da morte faz-nos ter estes ataques de loucura. De achar que seremos os próximos. De nos transportar para o lugar do outro e (finalmente) perceber que não há tempo a perder. Que o único para sempre que existe é a morte.
Ao ouvir-lhe a respiração, enquanto adormecia com a cabeça pousada no meu colo, lembrei-me deste casal: para eles não há nada a mudar - excepto a evidência do fim. Para ele, que repousava da revolta, o premente era viver a vida que recusara antes, por nunca a ter pensado de outra forma.
Foto de Ed Freeman
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