"(...) Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?!
Como admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra! A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós durante a vida inteira. Mas sabe porque somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles, já não há deveres. Deixam-nos livres, podemos dispor do nosso tempo, arrumar a homenagem entre o copo-d'água e uma gentil amante, nas horas vagas, em suma. Se algo nos impusessem, seria a memória e nós temos a memória curta. Não...., é o morto de fresco que nós amamos nos nossos amigos; o morto doloroso, a nossa emoção, enfim, nós próprios. (...)".
In A Queda, Albert Camus
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