Wednesday, February 15, 2006

"Olhe... depois falamos, tá bem?"

Há pessoas que parecem ter uma certa dificuldade em dizer claramente: "eu não concordo e por isso não vou assinar", quando se deparam com uma situação em que lhes é questionado se pretendem assinar um documento com o qual discordam.
Não, ao invés disso utilizam aqueles artíficios tipo: "ah... É preciso o número do bilhete de identidade? Ora bolas! Logo hoje que não o trouxe!", ou então, a que eu mais gostei: "Ah... Olhe... Depois a gente fala". Claro que a gente não fala coisa nenhuma, querid@! Porque eu não tenho nada para falar contigo. Ou queres assinar ou não queres, ponto final, end of the question - qual foi a parte que não entendeste? Eu não te vou passar uma multa por não assinares. Estás no teu direito, como eu estou no meu de perguntar se queres assinar. E não tem mal absolutamente nenhum que assumas claramente que não concordas. Será que estas pessoas têm assim tanta dificuldade em assumir o que pensam? Andei - há uma semana - a reunir assinaturas para levar um requerimento aos nossos ilustres deputados para que estes discutam a possibilidade de duas pessoas do mesmo sexo poderem contrair matrimónio. Sim, eu sei, é uma contradição da minha parte - sou contra o casamento. Na verdade, acredito que uma relação entre duas pessoas não tem que ser legitimada pelo Estado e que este mesmo Estado não tem que se meter quando se trata de legitimar uma ruptura entre essas mesmas pessoas. Sim, claro que reconheço que, dado o nível de civismo que abunda entre @s portugues@s, por vezes, até é bom que o Estado intervenha - para que não sejam as crianças a levar por tabela com os pais e as mães ressabiad@s por uma separação dolorosa. Como vêem, não é bem uma questão de ser contra o contrato em si. Isto é, até creio que, eventualmente, terá alguma utilidade em determinados casos. Ou seja, quando digo que sou contra, é no sentido de não reconhecer legitimidade ao Estado para dizer que sim, sim senhora, o marido e a mulher estão juntos neste contrato para o que der e vier e têm os seguintes direitos e deveres - sugiro uma leitura atenta do código da família... - e, portanto, não o quero para mim. Agora.. Se há quem se queira casar (e por sinal, há), então casem-se. E se o digo relativamente a um casal heterossexual, continuo a afirmá-lo face a um casal homossexual.

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