
Admito que detesto tipificações. "Há pessoas assim, assado". As positivas, as optimistas, as negativistas, as pessimistas, as depressivas, as blá, blá, blá, como se duas únicas metades constituissem o mundo e estivessem de costas voltadas.
Ocorre-me, no entanto, pensar que, se calhar, só mesmo por uma breve e maléfica brincadeira divina (não de deus, ou da deusa, mas da evolução) @s defensor@s desta simplista teoria até poderão ter razão após ouvir a história de uma rapariga que tinha perdido o seu companheiro (este tinha cometido suicídio). Ela chorou a sua perda. Deitou todas as lágrimas que tinha até se sentir vazia, até atingir o estádio da tábua rasa que aprendemos em filosofia. Depois decidiu reaprender tudo de novo. Procurou um trabalho. E foi precisamente porque tinha esquecido tudo o que aprendera anteriormente que respondeu a um daqueles anúncios dos quais a maior parte das pessoas sensatas foge: "quer ganhar 1500€ numa semana? Não é para distribuir circulares". Ninguém com o senso todo responde a um anúncio destes. Mas ela respondeu. Começou a trabalhar. E a ganhar dinheiro. Muito dinheiro. Tem a ambição de abrir o seu próprio negócio e as coisas correm-lhe muito bem. Não que já esteja a ganhar 1500€ por semana, mas já atinge esse valor mensalmente. E continua no seu processo de aprendizagem.
Fiquei a pensar que ainda que fosse uma daquelas pessoas consideradas negativistas, pessimistas e mais não sei o quê a responder áquele mesmo anúncio, a ter aquele mesmo trabalho, teria começado e após uma ou duas semanas teria desistido. Não por ser pessimista ou negativista ou lá o que seja. Não por não acreditar, mas por não conseguir esquecer tudo o que tinha dentro de si. Todos os ensinamentos que lhe diziam que nada daquilo era verdade, que as coisas têm que ser difíceis para serem verdadeiras, e que ninguém dá nada de graça.
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