Monday, November 07, 2005

Pérolas....

"Vi o corpo da moça estendido no mármore da delegacia de Cabo Frio. Parecia ao mesmo tempo uma criança e boneca enorme quebrada.... Mas desde o momento em que vi o seu cadáver tive imensa pena, não dela, boneca quebrada, mas de seu assassino, que aquele instante eu não sabia quem era". Estas declarações foram proferidas por um jornalista a propósito de um assassinato passional. Um homem matou uma mulher.
Mas não termina por aqui: 'o único crime respeitável, que não condenaria com rigor, era o passional. Crime passional qualquer um comete, até eu'. E conclui: 'A chamada privação de sentidos provocada pela paixão pode fazer do mais cordial dos homens um assassino' .
Continuando com as pérolas... o advogado do alegado autor do crime utiliza o seguinte argumento: "a vítima provoca a própria morte", ela "busca um assassino que concretizará seus desejos de eliminação". Ao que o jornalista acresce: "Ela sabia. Sabia, por exemplo, que um dia um de seus amantes seria mais homem do que os outros e lhe daria o castigo - ou a vingança - que ela buscava, inconscientemente, ao longo de sua estranha aventura feita de amor, delírio e vazio". Portanto, nada mais lógico.. a mulher, a ganda maluca andava a pedi-las.. na verdade, ela queria mesmo era ser castigada ... morrer, está claro, era o que ela desejava no seu íntimo... não sabia, é certo, mas na verdade queria...
Estas declarações remontam a 1976... e hoje, como se defenderia um caso destes? Quem defenderia um assassino com estes argumentos?

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