Wednesday, November 09, 2005
Os Inadaptados
Tenho por amigo um miúdo de 11 anos esmagado pela sua condição.
Filho de mãe errante - o violino e a tenda que todos os professores deste país carregam - acompanha-a pelos caminhos que esta é obrigada a percorrer.
No dia em que saiu de casa olhou para trás em jeito de despedida e tornou-se sal. Estrangeiro em outra terra e outra escola, o olhar petrificou-se no Pai, agora feito verbo através das palavras ditas ao cair da noite, junto ao ouvido.
Fran acompanha a Mãe e oferece-lhe o coração,que é agora metade dela, metade do Pai, nenhuma migalha para a escola e amigos. Assusta-se com a enormidade dos outros, entidade colectiva que lhe levanta o sobrolho porque Fran não sonha só com sol e mar.
Erguem-lhe um muro de silêncio, quebrado por vezes por palavras que apenas declinam insultos e medos.
Carrega todos os dias a sua pedra escola acima, solitário nos caminhos que não conhece nem pediu para conhecer.
Está no limiar da inocência, mas a sua foi-lhe arrancada mais cedo com o nome da sua Mãe numa lista. E ele sabe que as listas não têm rostos nem vidas, apenas nomes, números e ordens.
Quantos Fran no nosso País?
Imagem de Magritte
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