Sunday, October 30, 2005

Elogio da Lentidão

Desde ontem - 29 de Outubro - que no Centro das Artes - Casa das Mudas, está patente uma exposição do fotógrafo Thomas Joshua Cooper. De sessenta e muitos, barbas brancas, enorme (as pernas denunciam o desconforto numa cadeira demasiado baixa), expôs-se pausadamente para o público que o devorava com o olhar e com palavras. Assume-se como um homem lento, de câmara centenária ao ombro, um fazedor de imagens sem horizonte nem sítio firme para pousar o frágil tripé da única câmara que sempre utilizou. No princípio era o verbo (confessa), mas lentamente caminhou em direcção à imagem. Começou a fotografar porque achou que seria fácil (ninguém falha a fotografia), e descobriu que tudo o que queria dizer residia no canto do olho, no limiar da objectiva. Desde então, caminha solitariamente para os abismos, para onde finda a terra e começa o mar, para o limite do mundo. E é no recôndito, na imensidão do nada, na única fotografia que conserva dos (não) lugares por onde passa, que reencontra a humanidade. A dele e a de todos nós.

4 comments:

Dirim said...

The Cat wellcomes you :)

Anonymous said...

hello!

podias por um link com os trabalhos do man.

Woman Once a Bird said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Woman Once a Bird said...

Já lá está.