Friday, October 10, 2008

Dos mimos e das meninices

Empregos...já lhes perdi a conta. Trabalhos também. Pessoas - incontáveis - pequenas, grandes, enormes, gigantes, bonitas, belas, feias, hediondas, terríveis, pobres, paupérrimas. Humanos a quem dirigir qualquer som parece constituir uma ofensa. E o insulto de existir por vezes. Tarefas de merda, novo-fordistas, completamente estupidificantes também. E a Fulya (a turca, ainda adolescente, a dizer-me que apesar de o bosque ser belo e generoso, eram as pessoas que lhe davam o brilho que eu via e o calor que sentia). E eu a crescer, por entre as heras rebuscadas e as ervas daninhas. E a ver-me sufocar pela areia que (também) não me deixava ver. E agora - tal como antes - apenas temporariamente - sinto a benção da gueixa que me estende a chávena do chá para imitar o meu gesto ritual. E a leveza das palavras, a cumplicidade do sorriso, e a sabedoria condensada em toda aquela idade. Sem mágoas, rancores ou ressentimentos. Apenas o conhecimento das varinas que trazem as dores no cesto, mas que não a oferecem ou a projectam no ou para @ outr@. Espelham-na para o lado oposto. Transformaram-na em beleza. E os mimos, o carinho das bolachas e dos pastéis de nata, do "ai a nossa menina" e da saudação "bom dia alegria!", quando entro na sala: (It's) priceless.

2 comments:

Woman Once a Bird said...

Maravilhoso texto.

Anonymous said...

Toma lá mimos!